terça-feira, 22 de novembro de 2011

Saiu no Blog do Hebert Lins!

A UNIR do Fantástico: Jornalismo ou propaganda política eleitoral?


             O Estado de Rondônia figurou na mídia nacional de forma negativa no final de semana passado, foi como se estivéssemos vivendo um abril despedaçado ao aparecer nos principais noticiários da mídia nacional. Pois, além das notícias da Operação Termópilas que levou para cadeia o presidente da Assembléia Legislativa, deputado estadual Valter Araújo (PTB), mais outros sete deputados estaduais acusados de pertencer a um esquema de receber propinas, funcionários do governo estadual por tráfico de influência e servidores federais do Banco do Brasil por quebra de sigilo bancário. O programa de maior audiência da Rede Globo nas noites de domingo, mostrou uma "matéria" sobre a Universidade Federal de Rondônia (UNIR).
            Não é questão se posicionar a favor de A ou B, e nem muito menos, não se trata de fazer a defesa do atual reitor Januário Amaral ou de exaltar o movimento grevista que é legitimo em suas reivindicações. A questão é: Foi jornalismo ou programa político eleitoral? Diante da tal pergunta levantada, algumas coisas precisam ficar claras! Achei incríveis as cenas levadas ao ar do programa dominical Fantástico da Rede Globo abordando a greve de professores e alunos da UNIR, pois todos os docentes entrevistados são do grupo de oposição ao Reitor. Será que a globo não sabia disso? Por que não entrevistou os dois lados?
            Conhecendo bem a realidade dos municípios de Nova Mamoré e Guajará-Mirim, bem como da própria UNIR, a final, morei dois anos na fronteira e nunca deixei de manter os laços afetivos com o lugar, além é claro, de ser professor colaborador do campus da Unir de Guajará-Mirim. Assim, posso afirmar que não houve desvio de recursos na construção do Hotel Escola que está em Guajará-Mirim mostrado nas cenas da matéria jornalística. Ao contrário do que disse o Fantástico, ele não chegou a ser usado, pois é sabido, que o Ministério da Educação não autorizou a continuação do Curso de Administração em Gestão de Ecoturismo. Sendo assim, o não uso ocorreu por falta de planejamento do próprio Ministério da Educação e não por falta de alunos como foi vinculado. 


            Então é preciso reafirmar que houve maldade na matéria, especulação sem fundamentação dos fatos reais, pois a obra mostrada rapidamente no campus de Guajará-Mirim está em andamento, e não parada como insinuou a matéria. Pois recentemente, o próprio Instituto Federal de Rondônia (IFRO), quis fazer daquelas instalações, um Campus da instituição que é voltada para o ensino tecnológico, e mais uma vez, a burocracia do Ministério da Educação atrapalhou o processo e emperrou a coisa de andar normalmente, deixando de beneficiar quem vive na fronteira e deseja ter uma oportunidade de acesso ao ensino de qualidade e profissionalização, para então ingressar no mercado de trabalho.
            O absurdo maior na matéria ficou pela questão de explorar a imagem do "companheiro" do professor Januário. Uma forma de expor a vida pessoal do Reitor de forma preconceituosa, lavá-lo ao vexame e a exposição pública de sua intimidade. A Rede Globo que leva ao ar em seu horário nobre, ou seja, nos principais programas de audiências, o combate massivo aos atos de preconceitos impostos aos homossexuais, o que demonstrou na matéria jornalística do Fantástico expondo ao máximo a vida pessoal e intima do reitor, foi uma apologia a homofobia, ou seja, uma matéria jornalística cunho homofóbica. Entendam como quiser, mais entendo que foi uma apologia a homofobia e pronto! Indo de encontro ao que a Rede Globo prega em seus horários nobres de televisão.


             Pois chamo atenção para assistirem a matéria na internet e observarem que foi mostrada uma fotografia tirada num momento informal, onde propositalmente aparece o "companheiro" e ao fundo, quase como uma sombra, o professor Januário Amaral, que hora, exerce o cargo de reitor da Universidade de Rondônia, que a pouco mais de um ano, foi eleito com esmagadora votação de alunos, servidores e professores da UNIR. Assim, digo que não podemos ser ingênuos! Explorou-se sim, a homossexualidade do reitor como forma de coação e assédio. Quem não percebeu isso?
            Não entendo porque não mostraram as dificuldades da Unir enquanto Universidade interiorizada, que vem sendo sucateada por um governo Neoliberal disfarçado de socialista? Lembrando, que não é só a UNIR que esta vivendo a falta de recursos por parte do governo Federal, mais muitas outras espalhadas pelo país. Enfim, na minha experiência com propaganda eleitoral, vejo que as eleições de 2012 já estão fazendo efeito. Essa reportagem é a prova disso.  Não existe nenhuma diferença entre essa "matéria" e um programa político durante uma campanha. Aliás, o Fantástico encerra a matéria com a fala de um religioso pedindo apuração dos fatos. Seria então, o dualismo entre um reitor "corrupto" e homossexual e um distinto religioso, velhinho e já frágil de saúde (inconscientemente o eleitor se solidariza ao entrevistado) em pleno horário nobre na televisão? Esse bom velhinho esqueceu-se de enxergar que a sua própria instituição religiosa, em sua grande maioria, tem religiosos em posição semelhante ao longo de sua história e não podemos fechar os olhos pra tal fato, o questionamento deve sim, sempre existir.


            Pena que poucos estão imunes à alienação provocada pela TV! Ainda bem que existe a universidade pra combater isso! É evidente que o Reitor poderia logo no início do movimento grevista ter se afastado para não atrapalhar todas as investigações, apurações, etc. Mais pêra aí, se afastar para quem assumir? É outra interrogação que devemos fazer à final, estamos tratando da maior instituição de ensino superior do Estado de Rondônia. Mais também não devemos ser incoerentes, pois, se comprovado todas as denúncias, o reitor Januário Amaral deve ser sim, responsabilizado e penalizado pelos possíveis atos que tenha lesado a instituição de ensino em questão. Mas o que deve ser questionado aqui é: por que a principal emissora do país usa da sua audiência para atender determinadas demandas políticas de grupos que só tem o interesse de chegar ao poder? Nesse sentido, eu digo que não podemos esquecer-nos da edição do Jornal Nacional na campanha do Collor em 1989. O resultado nós o conhecemos num passado bem próximo, é só olhar para traz e fazer uma retrospectiva histórica!

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

A grotesca irrelevância acadêmico-científica DOS COORDENADORES DO Comando de Greve DA UNIR, FLAGRADOS COM calÛnia E DISCRIMINAÇÃO SEXISTA

A grotesca irrelevância acadêmico-científica DOS COORDENADORES DO Comando de Greve DA UNIR, FLAGRADOS COM calÛnia E DISCRIMINAÇÃO SEXISTA

Em 19 de outubro de 2011, o Comando de Greve da UNIR divulgou o comunicado abaixo, segundo o qual um casal de docentes teria recebido, nas suas contas pessoais, generosos 70.000 reais que teriam sido irresponsavelmente desviados dos cofres públicos da UNIR pelo Reitor, para que pudessem passear PELA África. Além disso foi claramente insinuado, no tocante à professora, uma alusão sexista de que ela teria sido uma mera acompanhante do marido, desprovida, portanto, de vida acadêmica e inteletual própria, desconsiderando-se o fato de que a docente em questão era naquele momento a coordenadora do programa de  mestrado de Guajará-Mirim e, portanto, quem poderia melhor responder pelos interesses dos termos do convênio internacional que estava em gestação entre a UNIR e instituições congêneres de Angola, Congo e Bélgica.  

Eis o texto integral deste comunicado difamatório, que justificará o pedido de indenização por prejuízo moral, que será cobrado judicialmente dos coordenadores do dito Movimento Grevista, ou sejam, os professores Adilson Siqueira de Andrade, Carlos Luiz Ferreira da Silva (vulgo Papagaio) e Edílson Lobo.

http://comandodegreveunir.blogspot.com/2011/10/pressao.html

http://orondoniense.com.br/textos.asp?cd=36708#

UNIR: Mais denúncias envolvendo reitor e pró-reitores
“A administração tem forte acento de pessoalidade, conforme se pode notar, por exemplo, no caso do Programa de Intercâmbio da UNIR com a Universidade Agostinho Neto e o Instituto de Línguas Nacionais de Luanda, em que se percebe que o professor que viajaria para Angola solicita liberação de sua esposa sob pena de não realizar o convênio caso não fosse por ela acompanhado. Diante do argumento do professor, o Reitor liberou o professor Jean-Pierre Angenot e a Professora Geralda de Lima Vittor Angenot, sua esposa, conforme Boletim de Serviço n. 54 de 11/11/2008 (ANEXOXI) para a missão no país africano, segundo requerimento da referida professora. A quantia de 70.000,00 reais foi transferida sob forma de bolsas mensais para as contas pessoais do casal.

A documentação em anexo comprova inequivocadamente que os aludidos R$ 70.000,00 nunca pertenceram à UNIR (apesar de terem sido depositados numa conta especial aberta pelo intermédio da RIOMAR)  mas oriundavam-se no saldo de um financiamento de US$ 87.894,000  concedido ao professor Angenot pela Agencia Española de Cooperación Internacional – AECI. Estes documentosa consistem em uma declaração datada de 04/02/2008 do Ministério de Asuntos Exteriores y de Cooperación de Madrid, em uma Portaria de Afastamento do Prof. J.-P. Angenot datada de 15/05/2008, em um ofício do Magnífico Reitor  dirigido à RIOMAR datado de 23/05/2008 e em um relato da Diretora-Presidente da RIOMAR para a CAPES a respeito da origem dos R$ 70.000.00 a serem pagos aos professores Jean-Pierre et Geralda Angenot.
Esses dois docentes desafiam quaisquer outros “moleques” candidatos à difamação que tivessem a leviandade de afirmar que já receberam um dia algum tostão ou a menor fracção de uma diária da UNIR para financiar suas diversas viagens à África, Ásia e Europa, as quais. foram sempre viabilizadas através de projetos amparados financeiramente pelos governos português (Fundação Oriente), norte-americano (Fundação Ford), holandês (Prince Claus Fundation), espanhol (Casa Ásia; AECI) e brasileiro (CAPES, CNPQ, Agência Brasileira de Cooperação do Itamaraty).
Este episódio acima relatado no qual esse tal de Comando de Greve foi pego “a boca na botija” com uma flagrante distorção de informações jogadas na mídia ao sabor de interesses politiqueiros escusos revela práticas irresponsáveis que desacreditam o conjunto das demais acusações de supostas ilegalidades atribuídas à atual equipe dirigente democraticamente constituída da UNIR.
Outrossim, há de se perguntar se a bandeira erguida em favor das legítimas reivindicações suscetíveis de levar a uma constante melhoria qualitativa da universidade – um objetivo que deve ser compartilhado por todos os atores da instituição – não tem errado seu alvo. A melhoria almejada não passa pela destituição de um reitor. O que falta não é a saída de nosso reitor  mas é a existência de um mecanismo legal que permitisse exonerar todos esses docentes que brincam de ser professores universitários apesar de não terem o perfil exigido pelo MEC quanto a uma produtividade acadêmico-científica minimamente aceitável. Ou seja, são docentes improdutivos que não publicam, nunca participam a eventos internacionais,  nacionais nem mesmo regionais, que não desenvolvem nem participam de projetos de pesquisas que sejam fontes de financiamentos e que, não poucas vezes, são incapazes de ler uma frase em língua outra que o português. 
Tal situação é preocupante. Assim, por exemplo, uma leitura interpretativa dos currículos LATTES CNPq/CAPES dos três coordenadores do Comando de Greve é particularmente eloqüente. Ela revela representantes expressivos de professores cientificamente inexpressivos, cuja pertinência da permanência em nossa universidade mereceria ser severamente questionada. De acordo com seu CV Lattes, o Prof. Mestre Adilson Siqueira publicou somente um único artigo em toda sua longa carreira. No CV do Prof. Mestre conhecido como Papagaio consta que o mesmo nunca publicou nada em toda a sua vida profissional. Quanto ao terceiro coordenador do Comando, ou seja, o prof. Edílson Lobo, ele nem mesmo possui um CV Lattes, o que é um cúmulo!
À guisa de comparação, destaca-se que os CV Lattes dos dois docentes que o trio amotinado acusou de malversação revelam que o Prof. Titular aposentado Jean-Pierre Angenot (aliás, até hoje o único titular da história da UNIR!) possui dois mestrados, dois doutorados (da Holanda em 1971 e da Bélgica em 1975) e três pós-doutorados (da Bélgica em 1981, da França em 1998 e da Índia em 2004) e que tem “apenas” 180 publicações até hoje. Quanto a Profa. Geralda de Lima Vitor Angenot, após ter sido a primeira mestre formada pela UNIR em 1997, ela conquistou um doutorado na universidade holandesa de Leiden em 2002 e dois pós-doutorados (na Índia em 2005 e em Angola em 2010), assim como tem 107 publicações, na maioria a nível nacional e internacional. Além de falar francês e inglês. Havemos de convir que é um perfil longe do de uma mulherzinha que se limitaria a acompanhar servilmente o maridão, como insinuou o Comando de Greve!
Voltando à avaliação da produtividade científica impressionante dos três coordenadores do Comando de Greve avaliável através de seus CV Lattes, dá de entender melhor porque, entre suas reinvindicações, eles insistem tanto para que o Prof. Dr. José Januário de Oliveira Amaral seja substituído pela Vice-Reitora, Profa. Dra. (?!) Maria Cristina V. de França. Se isso tivesse que acontecer, formariam de fato, junto com  a vice-magnífica, uma família acadêmico-científica altamente coesa.
Abraço cordial a todos
Jean-Pierre e Geralda Angenot







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Prof. Dr. Jean-Pierre AngenotUniversidade Federal de Rondônia, Brasil (Campus de Guajará-Mirim)
Fone: casa: 0(0-55)-69-3541-5004. Serviço: 0(055)-69-3541-5564

& 33, rue du Fossé aux Loups, 1000, Bruxelas, Bélgica. Fone: (00-32) 0472-09-60-05 

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

CGU aprova contas da UNIR, MEC homologa e grevistas radicalizam

A Controladoria Geral da União deu parecer favorável às contas da Fundação Universidade Federal de Rondônia (UNIR) e o Ministério da Educação homologou, destoando daquilo que alegam os líderes do movimento paredista para justificar a greve. As contas analisadas e aprovadas são referentes ao exercício financeiro de 2010, de responsabilidade da gestão do reitor Januário Amaral.
De acordo com o reitor, o impasse criado na Unir com a greve é reflexo político de um grupo de estudantes e professores que não se conformam com o resultado das últimas eleições internas, que lhe conferiu mais um mandato. A greve foi desencadeada, segundo Januário Amaral, visando a melhoria das condições de funcionamento da universidade: mais professores, técnicos, laboratórios, papel higiênico nos banheiros, entre outras. Quase todas acatadas pelo Secretário Educação Superior do MEC, que se reuniu com o comando dos grevistas.

Atendida as principais reivindicações, o mesmo grupo de estudantes e professores que foram derrotados nas eleições internas para reitoria decidiu manter a paralisação com único objetivo de forçar a renúncia do reitor. “Exigir a minha renúncia sempre foi o principal objetivo das pessoas do comando de greve. Fui eleito democraticamente conforme a legislação interna, inclusive derrotando um dos líderes do movimento. Não vou renunciar para satisfazer ambição de um grupo político que não se conforma com o resultado das urnas e quer retirar o reitor do cargo no grito, denunciou Januário Amaral.

A conclusão da CGU pela aprovação das contas não interrompe o trabalho da Comissão de Sindicância instituída pelo MEC para investigar as denúncias apresentadas pelos grevistas, mas enfraquece as acusações que vinham servindo de justificativas para a manutenção da greve. O semestre poderá ficar comprometido, assim como o ingresso dos novos acadêmicos que fizeram o ENEM, caso os líderes da paralisação optem em radicalizar e manter a greve.

“Venho sendo vítima de calúnias e injúrias, visto que não respondo a nenhum processo por ato de corrupção relacionado a minha conduta de reitor. A greve é política e está circunscrita na capital, ainda assim alguns cursos estão funcionando. A exemplo do direito. Mantenho o canal aberto para a solução do problema e a um entendimento, mas a renúncia está descartada”, explicou o reitor.

Assessoria da Reitoria/UNIR

http://www.rondoniadinamica.com/arquivo/cgu-aprova-contas-da-unir-mec-homologa-e-grevistas-radicalizam-,30351.shtml

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

“Se a história é um garimpo, a memória é a bateia que revolve o cascalho do passado e busca dados preciosos para continuar nossa luta” ( Paolo Nosella).

A memória da última eleição para Reitor da Universidade Federal de Rondônia merece reflexão. O Professor Januário recebeu a seguinte votação: 270 votos docentes, 128 votos dos técnicos e 956 votos dos discentes. O Professor Theóphilo recebeu 174 votos docentes, 128 votos dos técnicos e 1.746 votos dos discentes. Os números revelam que os docentes elegeram o Reitor, haja vista que não há paridade dos votos na eleição de Reitor na UNIR.

Penso que o educador, para se comprometer politicamente, não precisa, a rigor, de outra "carteirinha" além de seu diploma de professor, nem precisa de outras atividades militantes para além de suas atividades pedagógicas. Concordo com Nosella (2005)  quando escreve que a tarefa política prioritária do intelectual, do educador é recolocar perguntas, voltar a valorizar as dúvidas. Por isso, me parece importante meditar sobre o próprio conceito de política, sua natureza, revisitando a fundamentação teórica do poder político. Assim, pergunto: Os  fins justificam os meios?


Alguém que trabalha olhando para a História no horizonte longínquo certamente dirá que não, os fins não justificam os meios.


Saviani há 20 anos afirmava não existir “vínculo entre neutralidade e objetividade” porque a  neutralidade é uma ideologia deformadora da realidade, a objetividade, ao contrário, é uma conquista que o homem alcança quando possui as condições técnicas adequadas e a liberdade de espírito.

Com essa liberdade de espírito e apoiada em Gramsci penso o papel e o compromisso político que o educador e o intelectual em geral precisam praticar. Talvez a releitura da carta que Gramsci escreveu do cárcere para sua mulher Júlia, na qual discute a noção de cultura desinteressada nos ajude! Júlia receava que “desinteressado” significasse “neutro”. Gramsci responde que “desinteressado” se contrapõe a oportunista, imediatista, utilitarista, politiqueiro, taticista e eleitoreiro.


O compromisso político do educador situa-se no âmbito do poder ideológico ou espiritual e é por essa razão que trago a dúvida para o debate. Realizaremos
o sonho socialista com posturas autoritárias? O voto paritário como previsto em Lei deve ser repensado?


Na década de 1980, de um lado estavam os defensores da neutralidade técnica do fazer pedagógico, do lado oposto os defensores de um compromisso político inerente a quaisquer atividades pedagógicas. O debate acentuou-se. Hoje o compromisso político que educador e o intelectual em geral precisam praticar e resgatar, segundo minhas convicções, é o valor da dúvida como método.

Necessitamos compreender o processo de amadurecimento da cultura democrática; voltar a refletir sobre o próprio conceito de política “desinteressada” e reafirmar que todo ato pedagógico em si já possui uma implícita dimensão ético-política, questionando, assim, a vinculação burocrática
com os partidos.

A cultura democrática não deixa espaço para os que se consideram donos da verdade, para os que temem as dúvidas e as divergências, para os que indefinidamente consideram inacabada a sua “tarefa histórica de exercício do poder”, para os que encaram o poder não como “verbo” e sim como “substantivo”.


Infelizmente, a cultura democrática está ainda longe de ser consolidada em nosso país. Em todo caso ela existe e é promissora e não pode ser ameaçada, nem mesmo pelos que se consideram portadores das verdades absolutas e das melhores das boas intenções. Um processo democrático,  ao criar uma cultura democrática, eleva o grau da transparência social, socializa as regras do jogo democrático. Uma cultura democrática enterra, definitivamente, nossa tradicional cultura autoritária e escravocrata como bem nos lembra Nosella (2005)
Sabemos que no campo educacional, esse processo de produção de cultura democrática ainda está embrionário. Porém ele trouxe conquistas bem concretas.

Nossa frágil cultura democrática precisa de guardiões e defensores contra toda tentação de recorrer as formas autoritárias e totalitárias do poder.

SAUDAÇÕES DEMOCRÁTICAS!!!




Profa Dra Andréia da S. Quintanilha Sousa
Universidade Federal de Rondônia
Departamento de Ciências da Educação
celular: 69 81124084

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Aulas da UNIR seguem normalmente na maioria dos Campi

http://www.rondonoticias.com.br/?noticia,101771,aulas-da-unir-seguem-normalmente-na-maioria-dos-campi

Parece que o movimento grevista da UNIR só atingiu o prédio da Administração, pois este site em contato com os campi do interior, levantou e confirmou, que dos 26 cursos de graduação existentes, apenas quatro cursos então sem aulas, sendo eles Engenharia de Alimentos, no Campus de Ariquemes, Letras, no Campus de Vilhena, História e Pedagogia, em Rolim de Moura.
Na capital a situação não é diferente, pois as informações passadas pelos departamentos acadêmicos mostram que dos mais de trezentos professores de Porto Velho, apenas 76 referendaram o movimento grevista. Enquanto isso, entre os mais de 11.000 acadêmicos da UNIR apenas, aproximadamente, trezentos alunos estariam em estado de greve, ja que as aulas estão ocorrendo normalmente, sem maiores prejuízos para a grande maioria da comunidade academica.
Nas redes sociais, boa parte dos acadêmicos que fazem parte do comando de greve, afirmam que estariam freqüentando as aulas normalmente, ou seja, estes alunos matriculados nos cursos de medicina, por exemplo, estariam cumprindo o semestre, em detrimento daqueles poucos alunos que verdadeiramente ainda persistem e incorporam o movimento. Neste caso, encontra-se o acadêmico líder do Movimento, Vinicius Ortigosa, do curso de medicina, que afirma alegremente que sua formatura ocorrerá nos próximos dias. De que forma, se o seu curso está em greve total e as suas atividades completamente paralizadas? Ou esta não é a verdadeira situacão,
No mesmo sentido, informacões públicas dão conta que o a formatura do curso de acontecerá no dia 15 de dezembro deste ano.  
Conclui-se que, na verdade, os maiores prejudicados com o movimento grevista, seriam estes alunos que terão a continuidade de seus cursos atrasada e, também o ingresso no mercado de trabalho retardado. Além é claro, dos mais de 60 mil estudantes que prestaram o ENEM, no intuito de ingressar na UNIR no próximo semestre.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Carta ao Senhor Presidente da Assembléia Legislativa do Estado de Rondônia,

Carta ao Senhor Presidente da Assembléia Legislativa do Estado de Rondônia,

(documento este lido na Audiência Pública realizada na Assembléia Legislativa de Rondônia, na manhã de 07 de novembro 2011)



Senhor Presidente da Assembléia Legislativa do Estado de Rondônia,

Senhores e Senhoras Deputados desta Augusta Casa,

        Ao cumprimentar V. Excelências, permitam-me lamentar que o convite para esta Audiência Pública não tenha sido estendido a mim, enquanto Dirigente máximo da Universidade Federal de Rondônia, re-eleito democraticamente pela comunidade universitária, exatamente há um ano.

       Dito isto, venho respeitosamente esclarecer.

       A crise por que passa a nossa UNIR tem duas naturezas: a primeira, uma crise estrutural; a segunda, uma crise política.

    A crise estrutural diz respeito a histórica escassez de recursos para investimento em infraestrutura, em estrutura física, para compra de equipamentos, contratação de professores e, principalmente, contratação de servidores técnico-administrativos.

     Esta crise, reconhecida pelo MEC, vem sendo parcialmente superada com a aplicação dos recursos do Projeto de Reestruturação e Expansão da Universidade Brasileira – PROJETO REUNI, aprovado pelo Conselho Superior da UNIR, em 2007, e cujos recursos começaram a ser aplicados a partir do ano de 2008.

     Parte significativa dos grevistas, senhores e senhoras, é intransigentemente contrária a esse Projeto, simplesmente pelo fato de que é um Projeto do Governo Federal.

     Não conseguem enxergar os benefícios que o Projeto trouxe e continuará trazendo para a nossa Universidade: são 18 Cursos criados; mais de 1200 vagas abertas anualmente para novos alunos; mais de 300 professores contratados; mais de 50 obras em andamento, algumas em fase de conclusão, outras já concluídas como, por exemplo, a Biblioteca do Campus de Cacoal, que foi a primeira obra construída com recursos do REUNI.

     Mesmo assim temos problemas? Claro que temos. O maior de todos é um corpo de servidores técnico-administrativos insuficiente para por a universidade para andar no ritmo de que precisamos para gerir eficientemente nossos projetos, programas, obras e serviços.

     Esse gargalo administrativo não é responsabilidade do Reitor, todos sabem disso; e sim, da própria estrutura da administração pública brasileira. Mudar um reitor por outro, não vai mudar essa realidade.

     A solução para esse problema está na aprovação do Projeto de Lei, que tramita no Congresso Nacional, que autoriza a contratação de 490 servidores técnicos para a UNIR.

     É a contratação de servidores técnicos que vai solucionar os problemas relacionados aos serviços de limpeza, de vigilância, de gestão de contratos de projetos de pesquisa e extensão; de compra de equipamentos; de técnicos especializados para os laboratórios; de planejamento e execução de obras.

     No presente momento, nossos servidores técnico-administrativos têm se desdobrado em inúmeras funções para não deixar a máquina administrativa parar de vez. Esse é o nosso problema original, donde decorrem todos os demais.

     Lamentamos profundamente que obras essenciais estejam atrasadas e que os serviços não estejam a contento no Campus de Porto Velho. Aliás, os problemas de solução mais difícil se restringem ao Campus de Porto Velho, porque a solução  não pode ser em curto prazo, porque não se pode construir uma obra da noite para o dia.

     Novamente, nesse item não é a troca de um reitor pelo outro que vai solucionar o problema.

     Por isso, a crise tem duas naturezas. A outra natureza, a crise política, começa no dia 21 de setembro de 2011.

     Nesse dia, o comando da greve, deflagrada em 14 de setembro, joga no lixo o verdadeiro motivo da greve - a pauta de reivindicações por melhores condições de estudo e trabalho, com a qual, diga-se de passagem, concordo plenamente, porque me daria força para reivindicar junto ao MEC - e se lança numa luta irresponsável pela derrubada do reitor.

     Irresponsável, porque sabia o comando que nessa aventura os mais exaltados e os insatisfeitos de toda ordem embarcariam.

     Irresponsável, porque sabia o comando que os mais sensatos assumiriam com medo de represálias, e de verem seus nomes associados aos impropérios tantas vezes ditos nas assembleias, e impronunciáveis nesta augusta casa.

     Irresponsável, porque o comando incita o desrespeito, a violência simbólica, a agressão verbal contra o direito inalienável daqueles que não embarcaram na aventura irresponsável dessa greve.

     Irresponsável, porque sabe o comando que um Reitor, eleito democraticamente, e empossado de acordo com o estatuto constitucional da Autonomia Universitária, só pode ser destituído do cargo em três situações:

a)  Pela não aprovação de sua prestação de contas do ano anterior; o que não ocorreu na minha administração,

b)  Por 2/3 dos votos do Conselho Universitário, o que também não ocorreu;

c)  Renúncia por motivo de foro intimo do Reitor.

      Como se pode constatar, em nenhuma dessas situações se encontra a reitoria atual. Pensar que eu iria renunciar é outra irresponsabilidade.

      Sinceramente, senhoras e senhores, depois que a reitoria foi invadida pelos alunos comandados pelo Movimento Estudantil Popular Revolucionário – o MEPR, que prega a insurreição urbana e rural, já que o ponto principal de seu programa revolucionário,  disponível na página do movimento, é a reforma agrária por meio da luta armada, se assim for necessário, retomando as guerrilhas ideológicas dos anos 60, de triste memória (lembro que não há insurreição sem violência física e bélica) contra toda e qualquer forma institucional; eu pensei em renunciar.

      No entanto, senhoras e senhores, minha base de apoio me convenceu do contrário. Segundo esta, minha renúncia significaria um duro golpe na democracia, nas instituições democráticas duramente conquistadas por anos de luta dentro e fora da universidade; significaria ceder a quem prega a violência, seja pelo esquerdismo senil de alguns professores, seja radicalismo pueril de alguns alunos; significaria a instabilidade dos sucessivos reitores, porque qualquer denúncia seria motivo de afastamento de um reitor; mais - acima de tudo - significaria a vitória antidemocrática da minoria barulhenta, que se movimenta à base da calúnia e da difamação.

      Para provar que eles são a minoria, por duas vezes tentamos pôr em pauta de Assembléia a continuidade ou não da greve. Por duas vezes eles impediram: a primeira, tumultuando a assembléia até o cancelamento (há vídeos esclarecedores no youtube); a segunda, não compareceram, aliás, fugiram como o diabo foge da cruz.

      A mesma base que me dá apoio e que me faz resistir, também, me convenceu de que tudo o que viesse a causar prejuízo à UNIR e aos próprios grevistas, sejam alunos ou professores, seria culpa da irresponsabilidade do Comando de Greve.

      Aliás, verifiquem em todas as minhas declarações, escritas ou gravadas, se ofendi à pessoa de alguém ou se desrespeitei a alguma autoridade?

      A culpa pelo ocorrido ao professor e aos alunos é exclusiva do Comando de Greve que, experiente, sabe como incitar, mas nunca ser flagrado. Quantos membros do Comando de Greve, seja aluno ou professor, foram detidos?

      Quantos pais, mães, esposos, esposas, irmãos, irmãs sabem que a greve, desde o dia 21 de setembro, não é mais por melhorias de estudo e trabalho, e sim pelo afastamento do reitor?

      Quantos pais, mães, esposos, esposas, irmãos, irmãs sabem que o afastamento do reitor, pela via da greve, é ilegal e inconstitucional?

      Quantos pais, mães, esposos, esposas, irmãos, irmãs sabem quem financia os panfletos, com papel de alta qualidade, que denigrem, sem provas, a imagem de pessoas e autoridades?

      Quantos pais, mães, esposos, esposas, irmãos, irmãs sabem que os mais prejudicados pela invasão do prédio da UNIR-centro, onde ficam todos os processos de construção de obras e compras de equipamentos, são os próprios alunos?

      Quantos pais, mães, esposos, esposas, irmãos, irmãs sabem que obras que ficariam prontas em meado do próximo ano, podem não ser concluídas nem no final, os quais sofrerão atrasos em função do encerramento do exercício de 2011, o qual ocorrerá em 04 de dezembro próximo .

      Quantos pais, mães, esposos, esposas, irmãos, irmãs sabem que o MEC cumpriu tudo o que se propôs para que a greve terminasse: disponibilizou recursos financeiros para a UNIR; constituiu Comissão de Infraestrutura (chamada também de Comissão de Crise) e constituiu Comissão de Sindicância para apurar as denúncias?

   Portanto, senhoras e senhoras, as reivindicações por  melhorias de condições de estudo e trabalho já foram ou estão sendo atendidas; a greve pela destituição do reitor não tem base legal. A continuidade dessa greve é uma afronta às instituições democráticas e às autoridades constituídas; todas as consequências negativas e prejuízos pessoais e materiais são da responsabilidade do Comando de Greve!

      É o que tenho a dizer a esta Augusta Casa.







                              Prof. José Januário de Oliveira Amaral

                        Reitor da Universidade Federal de Rondônia 



Fonte: UNIR